Palestra realizada, pelo Dr. Luiz Antonio Sá, em 6 de dezembro de 2016, na sede da CAPO (Centro de Apoio ao Paciente Oncológico) com o tema Depressão, na qual foram destacados as causas, fatores de risco, tipos diferentes de apresentação, a deficiência de memória, sua relação com a espiritualidade e com o suicídio, terminando com as diferentes formas de tratamento.
O Dr. Luiz Antonio começou a palestra comentando que:
Outubro foi rosa, novembro azul e setembro amarelo passou quase despercebido. Para os que não sabem é o mês que simboliza a luta contra o suicídio, ato nefasto e cruel, que tragicamente coloca término a uma vida precocemente. È considerado um assunto tabu e a imprensa de uma forma geral não noticia os casos que acontecem e nem a estatística alarmante de casos que silenciosamente, para desespero das famílias, aumentam ano a ano.
Ainda predomina em homens acima de 59 anos, porem, infelizmente, o número está crescendo entre jovens também. Segundo o Mapa da Violência, o índice perde apenas para homicídios e acidentes de trânsito, entre as mortes por fatores externos. Os dados mostram que na década de 1990 o crescimento foi de 18,8%, e daí até 2012, de 33%, preocupando pelo aumento das pessoas mais novas.
A ONU relata que as tentativas de suicídios de adolescentes estão associadas a experiência de vida humilhante, tais como fracasso na escola, no trabalho ou conflitos interpessoais com um parceiro romântico ou com os pais, além de álcool e de drogas, enquanto nos mais velhos as causas são variadas: Perda ou diminuição da independência para atividades de vida diária, doença clínica incapacitante e ou dolorosa, isolamento social e familiar, perdas (luto, dinheiro, separações, perda de emprego), medicações e também álcool e drogas. Mas em todos eles, seja em qualquer idade o principal é a desesperança, a falta de fé e de sentido de vida. Sem estes três fatores a doente, se não tiver um tratamento adequado e ajuda de todos, pode cometer este famigerado ato, colocando fim a sua vida.
E a depressão tem tudo a ver com esta triste realidade. Temos de ter claro que a causa do suicídio, na maioria das vezes, é a depressão, porem esta nem sempre leva a este malfadado fim.
A depressão se manifesta classicamente por 1) Humor deprimido, 2) Diminuição ou perda de interesse e/ou prazer, 3) Perda ou ganho significativo de peso, 4) Insônia ou hipersônia, 5) Agitação ou retardamento motor, 6) Cansaço ou perda de energia, 7)Sentimento de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada, 8) Capacidade diminuída de pensar, se concentrar ou tomar decisão, 9) Ideação acerca de morte e suicídio .
Porem, pode ter principalmente na terceira idade, outros sintomas tais como: confusão e dificuldade com a memória (até sendo confundido com demência), pessimismo e lamúria, diminuição ou perda da libido, aparência descuidada e muitas vezes com postura encurvada, face tristonha (típica) e hostilidade.
O médico e os familiares devem estar atentos para estes sinais e sintomas, que algumas vezes estão mascarados e o depressivo recusa-se em fazer qualquer tipo de tratamento.
Quanto ao tratamento, não é com “tapinha nas costas” e palavras do tipo – “você tem de ser forte”, – “deixe disso” – “isto é bobagem”, que se faz a terapia certa, pois isto só irrita o depressivo e o deixa em estado pior, recusando o que corretamente tem de ser feito.
O tratamento certo é com um antidepressivo ideal para o perfil do paciente e hoje temos a felicidade de termos de vários tipos, sendo que um deles se adequará a necessidade do enfermo.
Em casos mais extremos, com depressão que não responde a medicação e com risco de suicídio, pode se usar a Eletroconvulsoterapia, o antigo “eletro-choque”, que hoje é feita de uma maneira bem segura e eficaz.
Importante, alem do apoio familiar, também associar terapia coadjuvante como psicoterapia, terapia ocupacional, atividade física, alem de incentivar a religiosidade e espiritualidade.
Concluindo o tratamento o palestrante citou Proust: “- Não adianta mudar a paisagem, você tem de mudar seus olhos” ou uma frase popular: –“Não existe cura geográfica. Se o quintal de sua casa não serve, Paris também não”. Em ambas quis dizer, que se a pessoa não estiver bem, não adianta mudar de endereço, que o seu problema lhe acompanhará.
Talvez 60 anos atrás ,um parente ,meu tio por parte de pai se suicidou , mas naquela época acredito não prestava atenção nos diversos fatores citados ! Obrigada pelos esclarecimentos ,não sou médica mas acredito que a depressao é um fator decisivo e se não houver tratamento a pessoa tende ao suicidio !!
Um tema de extrema importância.